terça-feira, 3 de novembro de 2009

"Duas mulheres", Flávio de Carvalho, 1968

Por: Vivian Bortolotti














Aquarela e nanquim sobre papel, 50 x 70 cm, Galeria de Arte Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto

É difícil identificar à primeira vista as formas nesta obra de Flávio de Carvalho. Um emaranhado de linha negras com fragmentos coloridos geométricos, transparentes, parecendo uma chuva de recortes de papel, ou confetes de carnaval e que lembram as figuras criadas por Miró. A composição trata-se de duas figuras femininas como o próprio título sugere, sentadas lado a lado, nuas, com os rostos e parte do corpo voltados uma para a outra. Há uma tranqüilidade em suas feições – e talvez até um semi-sorriso – como a própria harmonia de cores utilizada transmite. É uma imagem clara, alegre, luminosa. Mas existe uma tensão na linha traçada à nanquim por Flávio, uma linha tremida, nervosa, mas ainda assim fluida, que passa diversas vezes pelo mesmo ponto criando manchas, bolsões de tinta. E essas linhas passam do corpo de uma figura para a outra como se fossem feita do mesmo “carretel”, e ainda linhas que expandem em diagonais, ligando um fragmento colorido ao outro, criando dinamismo, movimento e vibração na composição.

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