
Óleo sobre tela, Pinacoteca do Estado de São Paulo
Na pintura em modelo academico do ínicio do século XX, observamos a escolha de Pedro Weingartner de usar três telas para contar uma narrativa através do processo artístico, cada tela representa um tempo diferente, entetanto não podemos defini-los. Essa obra “ Faiseuse d’anges” foi inspirada em uma fonte literária, um romance de folhetim, isso parece mais assunto de literatura que de pintura, mas por meio de elementos plásticos o artista nos faz sentir o que através da sua composição pretende comunicar. Obras desse tipo requer um conhecimento prévio do observador e de quem analisa, porém faremos apenas a sua descrição sem preocupações com interpretações.
Entre as três telas há um notavél equilibrio, o que nos permite vê-las como unidade. Os quadros das extremidades possuem as mesmas dimensões, com tamanhos que remete nos a forma de um retangulo, já o quadro intermediario possui maior dimensão na horizontal e na vertical conserva a mesma medida dos anteriores, aproximando-se do formato de um quadrado.
No primeiro quadro observamos uma moça de vestidos longos com um véu sobre a cabeça, logo atrás dela, com a mão suavemente estendida e apoiada em seus ombros observamos uma senhora de boas vestimentas em tom escuro, elemento que nos permite concluir que essa pertencente a uma classe elitista. No segundo plano, dessa primeira tela há um homem de terno que comprimenta a dama e a jovem ao retirar seu chapéu e estende-lo com a mão direita, em uma posição inclinada. No terceiro plano podemos observar pessoas festejando, o que nos remete ser esse primeiro quadro a representação de uma comemoração de casamento.
O segundo quadro, o que possui maior dimensão entre os três, apresenta uma cena que se passa no interior de uma casa, sobretudo na cozinha desta, no primeiro plano da obra , do lado direito temos a representação de uma fração da mesa, que foi cortada pelas dimensões da tela, há uma mulher em um acento próximo a mesa e com o cotuvelo do braço direto apoiado a mesa, esse mesmo braço sustenta o seu rosto com a mão. Sua fisionomia demostra estar desatenta ao que ocorre ao redor, seu olhar está pensativo e direcionado ao lado direito da obra e com o auxílio da mão esquerda essa segura um bebê, apoiando-o no seu colo, o tamanho da criança no permite concluir que essa possui poucos meses de vida, a criança está coberta com uma manta bege e possui vestimentas brancas de mangas longas, além de uma toca que cobre a sua cabeça. tanto a criança como a mulher encontram-se bem vestidas e de boa aparência.
Ao lado esquerdo dessa há um acento, nela há um tecido branco, aparentemente uma fralda. Em um segundo plano, do lado esquerdo do quadro, temos uma senhora idosa, de cabelos grizalhos e pele um pouco enrugada, seu rosto possui uma expressão enigmatica e seus olhos fitam a personagem do primeiro plano, suas vestimentas simples denúnciam a sua posição social, uma criada da casa, ela usa uma saia florida com tom amarronzado e uma camisa azul listrada de mangas longas, sobre sua vestimenta superior temos um lenço amarelado que envolve o tórax e apresenta um nó na região frontal, sua mão direita está apoiada a cintura e a esquerda está apoiada sobre um tecido branco estendido no encosto uma cadeira que encontra-se a sua frente, no acento dessa cadeira temos uma vassilha com uma mamadeira dentro.
No terceiro plano temos um reconhecimento do ambiente onde há uma cortina entre aberta que no permite observar uma parte de duas pratileiras de madeira apoiadas a parede, em cima dessas partileiras há varios potes e vassilhas, são possiveis prateleiras de um armário. Já no lado direito, atrás da mulher do primeiro plano pode se ver a sugestão de um vaso de planta. Avançando mais para o lado direito do quadro, temos uma outra cortina totalmente aberta, onde podemos observar uma escada, o material de construção desse ultimo asselha-se a madeira e no seu topo observamos duas rodas apoiadas na parede, além disso há uma luz natural que ilumina a tela , demonstrando ser essa a saída da casa.
No terceiro quadro temos outra cena que também ocorre em uma cozinha, todavia não parece ser o mesmo espaço representado no quadro anterior, porém a personagem da cena pacere ser a mesma senhora do segundo quadro, no primeiro plano do quadro observamos uma folhagem, com galhos secos e algumas folhas amareladas , esses estão sobretudo do lado direito do quadro todos dispostos de diferentes modos.
No segundo plano vemos a mesma mulher idosa, anteriormente citada, com vestes simples, uma saia xadrez preto-bege e uma blusa vermelha com mangas até os cotuvelos , essa está entre aberta onde podemos observar a mostra sua vestimenta interna. A mão esquerda da personagem está apoiada a uma mesa, onde há um prato com alguns alimentos cortados, demonstrando que essa preparava uma refeição, sua outra mão está próxima a região da boca e seu rosto está levemente inclinado para a direita do quadro , seu rosto possui uma expressão assustada e seus olhos demonstram inquietação.
No terceiro plano temos uma luz provinda de uma janela que encontra-se no lado esquerdo do quadro, essa invade a tela e juntamente a ela temos uma representação de pequenos rostos angelicais, com pinceladas suaves e o uso de cores frias misturando-se com a claridade, dando a ilusão de “visão celestial” ou de sonho. No quarto plano temos o reconhecimento do restante do ambiente e pode-se reconhecer um fogão a lenha no lado direito do quadro.
Pedro Weingärtner foi pintor, gravador e litógrafo, retratou principalmente cenas regionais, como a apresentada, e paisagens do Rio Grande do Sul, morreu em 1929.
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