
Óleo sobre tela e colagem sobre aglomerado, Pinacoteca do Estado de Sâo Paulo
A pintura de Geraldo de Barros (1923-1998), “Malboro” de 1976, possui influências do movimento norte-americano do pop arte e assemelha-se com as obras de Andy Warhol e Roy Liechtenstein, sobretudo as pinturas baseadas em personagens de histórias em quadrinho da segunda metade do século XX, podendo notar essas caracteristricas tanto pelo modo como esse dispõem as linhas e formas, quanto pela escolha do tema.
A obra é formada por um emaranhado de manchas e linhas, pedindo distanciamento do observador para que a visualize. A escolha do enquadramento pelo artista funciona como um recorte de um rosto tradicional de personagem de Histórias em Quadrinhos (HQs) americanos, na tela vê-se focado a região que vai desde as sobrancelhas até a região abaixo dse seus labios.
Observamos na pintura que esse sujeito possui um olhar levemente direcionado para o lado esquerdo da obra com a boca entre aberta e este está fumando um cigarro, seus dedos da mão direita segura o cigarro sem muita força e posiciona-o no lado inferior direito da obra, dominando o primeiro plano, a ponta do cigarro aceso parece querer saltar pra fora da tela. Notamos também o corte dos seus dedos, esses são representados apenas pelas pontas de um dedo que insinua a existência dos demais, essa escolha da posição dos dedos e o cigarro em primeiro plano nos permite entender a abordagem a uma propaganda de cigarro, como sugerida pelo titulo “Malboro”, referente a uma marca de cigarro.
O artista deixa aparecer um fragmento do chapéu da personagem como se esse estivesse sutilmente inclinado para frente cobrindo sua testa, é uma referencia aos galãs de filmes de westerns americanos.
Na pintura há uma mancha que domina a região de sombra inferior ao chapéu, essa grande mancha invade também os olhos da personagem e sua anatomia é apenas sugerida, como observamos em relação a representação do seu nariz, a escolha do artista não foi defini-lo, mas apresentá-lo como nas HQs. Do lado esquerdo da obra prevalece o vermelho e do lado direito o amarelo, as duas cores são classificadas como quentes que provocam sensações excitantes, de calor e de adrenalina.
A técnica utilizada pelo artista, óleo sobre tela e colagem sobre aglomerado, revela o material que cobre a tela antes da pintura, como podemos vê-lo no detalhe. São pequenos círculos que envolve a tela antes de se aplicar a tinta e depois o artista reproduz objetos do cotidiano em tamanho consideravelmente grande, transformando o real em hiper-real.
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