quinta-feira, 5 de novembro de 2009

"Prometeu Acorrentado", Bruno Giorgi, sem data

Por: Luciara Ribeiro



Bronze, 16 x 33 cm, Divisão de Defesa do Patrimônio Cultural e Paisagístico

A obra escultórica de Bruno Giorgi, titulada “Prometeu Acorrentado”, promove uma nova releitura de um tema mitológico em uma representação moderna, nela podemos perceber a sua inspiração a priori nas obras de Henri Moore, escultor do século XX, muito fascinado pelas esculturas Africanas, da Polinésia e da América. Nessa obra Giorgi pretende apenas sugerir e não definir as formas, percebe-se a despreocupação do artista com proporções anatômicas exatas, ao contrario do que ocorre com as esculturas inspiradas nos modelos clássicos, como a que vimos anteriormente.
O artista pede ao observador um conhecimento prévio para que entenda a obra, é necessário que saiba a estória de Prometeu para que possamos entender como se deu o momento de criação da obra. As formas da escultura são pensadas para promover uma plasticidade no resultado final, que apesar do uso do bronze não nos remete a uma forma rígida e parada, o corpo da obra é um torce e contorcem, seus membros inferiores direcionam-se para o lado oposto aos membros superiores e seu rosto possui um inesperada frontalidade, isso deixa o observador impossibilitado de determinar o sentido e a direção da obra.
A escultura é autônoma, não faz uso de base e seu apoio foi pensado, pelo artista, como algo oriundo da própria obra, ela mesma se sustenta, como alternativa utilizou uma de suas pernas e de um de seus braços, tornou-os paralelos ao local aonde a obra irá colocada, como ocorre na Pinacoteca do Estado. Enquanto uma perna apóia a outra esta sutilmente levantada, possibilitando e determinando ação e movimento a obra, além disso, a escultura possui uma inclinação pra cima e parece querer levantar-se e encontra-se com o espectador.
A narrativa da obra foi trabalhada nos extremos da obra, podemos notar que as mãos e dos pés dessa, encontram-se unidos através da liga de bronze, estão juntos um ao outro como correntes, podemos também notar a inquietação do corpo como se estivesse preso e tentando soltar-se, debatendo-se.
O uso de linhas curvas na composição promove um arredondamento da obra, suas pernas e braços são totalmente desproporcionais em relação ao seu pequeno e liso rosto, no entanto não há aglomerado ou exesso de material, isso indica também ao observador onde se deve focar, ou seja, observar as extremidades das mãos e dos pés compreender a a narrativa escolhida.
Giorgi estuda suas obras como um trabalho arquitetônico moderno, onde a relação com o espaço é evidente, são exemplos dessas relações que aproximam a arte moderna com a arquitetura, com o espaço e com a modernidade.

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