quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Retrato da Sr H..., Auguste Herbin (1912)

Por Deborah Frohlich



RETRATO DA SR. H..., A. Herbin. 1912.
Óleo sobre tela. 81x65 cm.
Coleção Fundação Telefônica.


Inicialmente Auguste Herbin (1882-1960) pintava influenciado pelo impressionismo e pós-impressionismo. Sua relação com o cubismo se deu gradualmente depois de entrar em contato com os trabalhos de Pablo Picasso, Georges Braque e Juan Gris em 1909 no Bateau-Lavoir; além disso, foi também encorajado a trabalhar o cubismo através sua amizade com o crítico de arte e colecionador alemão Wilhelm Uhde.

Nesse Retrato da Sr H... (Portrait de Madame H.), um óleo sobre tela de 1912, Auguste Herbin retrata sua então companheira, Louise Bailleux, notavelmente influenciado pelo cubismo analítico.

Vemos uma senhora sentada, vista frontalmente, e que parece olhar diretamente para quem observa a imagem. Tem cabelos curtos, parece estar nua da cintura pra cima e a parte debaixo de seu corpo é coberta por um tecido azul. Tem o braço à direita apoiado sobre as pernas e o braço à esquerda está apoiado sobre uma mesa. Ao fundo da tela vemos apenas uma parte do encosto da cadeira em que a senhora está sentada, a parede azul e o piso amarelo.

O espaço é ocupado quase que por completo pela figura da retratada. Outros elementos figurativos na imagem são a mesa sobre a qual apóia o braço esquerdo e a cadeira, visível à direita. Há uma projeção de perspectiva que se demonstra através da mesa e do plano de fundo, onde é possível perceber uma distinção tridimensional entre o chão e a parede. A paleta de cor utilizada é predominada pelo azul, amarelo e marrom. A obra é claramente marcada pela angulação geometrizada conferindo volume às formas.

Essa tela faz parte de uma série de retratos produzidos por Herbin entre 1911 e 1913, usando Bailleux como modelo, sendo essa série composta por seis telas: La Femme au chapeau (1910), Madame H au chapeau (1912), Portrait da Madame H (são duas telas, uma de 1911 e esta segunda de 1912), Femme assise (1912) e Portrait de Mademoiselle A.S (1913).

Em 1919 Herbin decide abandonar o cubismo, por considerar-lo ultrapassado; passa então a dedicar-se ao abstracionismo e posteriormente à associação Abstraction-Création, servindo-se de uma pintura com linguagem plástica geométrica, de formas simples e cores puras, e que buscava um abandono total da figuração e um caráter “monumental” da arte.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

The last effort of love, 80x60cm - Giovanni Ricciardi

Por Bruno Bontempo



Pintura, óleo sobre tela

Jovem pintor Italiano, nascido em Nápoles, iniciou sua a carreira em 1995. Mudou-se para Milão a convite de Enrico Baj, que infelizmente faleceu poucos anos depois. O presente trabalho faz parte da série BIT, que abarca desde pinturas a óleo até desenhos a lápis e esculturas de poliuretano.

A temática da tela é freqüente na série, ambientes oníricos, paisagens que se desfazem, retratos carcomidos, uma etereidade que muitas vezes incomoda por sua dissipação. Escolhi o trabalho The last effort of love, (O ultimo esforço de amor) pois creio que sintetize ideológica e esteticamente toda a proposta da série.

A desfragmentação, algo que se aproxima da impalpabilidade, é como se a tela pudesse se desvanecer no primeiro golpe de vento. As cores transparentes parecem ar e poeira, a divisão dos azuis de fundo criam a impressão de um horizonte sem fim, amplitude, espaço vazio, uma planície que se une ao céu que nada reserva a ninguém. O espirrado, o borrifo de tinta no canto a esquerda provoca uma ilusão de vapor, algo que se desintegra, contrastando muito com o tratamento dado aos caules verdes, que são visualmente o que há de mais palpável na tela. Esta predominância de cores frias e tons pastéis reforçam a impressão de vazio, ou de uma ausência vindoura, que se daria apos a evaporação das figuras transformadas somente em cores flutuantes.

As figuras centrais escorrem de si mesmas, se desfazem, não existem exatamente, não possuem contorno nem limites nítidos, aos poucos são corroídas e se desfazem no ar. Uma aura de sonho, e, o que considero a principal característica do artista, um incrível trabalho com cores.

sábado, 7 de novembro de 2009

"Auto-retrato", Benedicto Calixto de Jesus, 1923

Por: Marcus Vinícius Ribeiro Rodrigues


















Óleo sobre tela, 50,2 x 40,2 cm, Estado de São Paulo

O pintor retrata a parte superior de seu tronco sobre um fundo marrom-avermelhado, tratado com pinceladas espessas, que lembra uma cortina drapeada de veludo; sua postura é praticamente totalmente frontal, com um pouco de luz iluminando diagonalmente o lado esquerdo de seu rosto. Vestindo uma camisa e gravata brancas, com um jaleco ou guarda-pó branco os sobrepondo, podemos vê-lo segurar com a mão direita uma paleta com um pouco de algumas tintas sobre ela, e quatro pincéis de tamanhos variados.
Ele usa óculos ovais de armação dourada; suas sobrancelhas são grossas e escuras; já o amplo bigode, que projeta-se para fora das maçãs do rosto, é mais claro, quase loiro enquanto o cabelo, que parece um tanto desordenado, é branco. O pintor dirige-se ao espectador num ar de confiança e auto-conhecimento, como se consciente de sua importância e talento.
Acima do ombro esquerdo, vê-se a inscrição AUTO-RETRATO-1923, e abaixo, a assinatura estilizada B CALIXTO.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

"O poeta Henry Howard, conde de Surrey", Hans Holbein, 1542

Por: Marcus Vinícius Ribeiro Rodrigues


















Óleo sobre madeira (carvalho), 56 x 45 cm, Inglaterra,Museu de Arte de São Paulo – Masp – Exposição “Olhar e ser visto”

O conde é retratado numa pose a três-quartos, em direção à direita do observador. Representado da cabeça à cintura, seu tronco é coberto por uma capa preta, da qual não se pode precisar o tecido de que é feita devido ao estado de conservação da pintura. Entretanto, levando-se em consideração o status do representado, bem como as vestes de pessoas em pinturas do mesmo autor, pode-se julgar que o tecido seja seda ou veludo, então em voga entre a nobreza européia. Ele segura uma parte da barra (decorada com uma linha fina, talvez de cetim ou seda cinzenta) com a mão direita, na qual pode se ver um anel dourado com um sinal, talvez o brasão da família ou alguma figura de um tema caro ao conde, no dedo indicador.

"Nossa Senhora do Bom Parto, ou da Apresentação", autor desconhecido, Século XVII

Por: Por: Marcus Vinícius Ribeiro Rodrigues


















Madeira policromada e dourada, 57 cm de altura, Brasil - provavelmente São Paulo, Museu de Arte Sacra de São Paulo

Trata-se de uma imagem devocional da Virgem, provavelmente para culto doméstico, dadas as pequenas dimensões da peça. Nossa Senhora é representada frontalmente, de pé, sobre a lua crescente, atributo apocalíptico de sua participação na história da salvação, como a “(...) mulher vestida com o sol, tendo a lua debaixo dos pés, e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas.” (Bíblia, Apocalipse de São João, 12, 1-2). O crescente possui traços de douração.

"Prometeu Acorrentado", Bruno Giorgi, sem data

Por: Luciara Ribeiro



Bronze, 16 x 33 cm, Divisão de Defesa do Patrimônio Cultural e Paisagístico

A obra escultórica de Bruno Giorgi, titulada “Prometeu Acorrentado”, promove uma nova releitura de um tema mitológico em uma representação moderna, nela podemos perceber a sua inspiração a priori nas obras de Henri Moore, escultor do século XX, muito fascinado pelas esculturas Africanas, da Polinésia e da América. Nessa obra Giorgi pretende apenas sugerir e não definir as formas, percebe-se a despreocupação do artista com proporções anatômicas exatas, ao contrario do que ocorre com as esculturas inspiradas nos modelos clássicos, como a que vimos anteriormente.

"Malboro", Geraldo de Barros, 1976

Por: Luciara Ribeiro



Óleo sobre tela e colagem sobre aglomerado, Pinacoteca do Estado de Sâo Paulo

A pintura de Geraldo de Barros (1923-1998), “Malboro” de 1976, possui influências do movimento norte-americano do pop arte e assemelha-se com as obras de Andy Warhol e Roy Liechtenstein, sobretudo as pinturas baseadas em personagens de histórias em quadrinho da segunda metade do século XX, podendo notar essas caracteristricas tanto pelo modo como esse dispõem as linhas e formas, quanto pela escolha do tema.

"La faiseuse d´anges", Pedro Weingartner, 1908

Por: Luciara Ribeiro



Óleo sobre tela, Pinacoteca do Estado de São Paulo

Na pintura em modelo academico do ínicio do século XX, observamos a escolha de Pedro Weingartner de usar três telas para contar uma narrativa através do processo artístico, cada tela representa um tempo diferente, entetanto não podemos defini-los. Essa obra “ Faiseuse d’anges” foi inspirada em uma fonte literária, um romance de folhetim, isso parece mais assunto de literatura que de pintura, mas por meio de elementos plásticos o artista nos faz sentir o que através da sua composição pretende comunicar. Obras desse tipo requer um conhecimento prévio do observador e de quem analisa, porém faremos apenas a sua descrição sem preocupações com interpretações.

"Extase ao sol", Giulio Starace, 1934

Por: Luciara Ribeiro



Gesso, Pinacoteca do Estado de São Paulo

A obra escultura apresentada na série dois, de Giulio Starace, representa um nu feminino em êxtase, segundo o dicionário Aurelio extasê corresponde a um “arrebatamento do espírito; enlevo; contemplação do que é divino, sobrenatural, maravilhoso”. A obra nos remete aos modelos clássicos de elaboração escultorica, isso é notado pelo uso do gessso monogromatico que nos remete ao mármore, material muito utilizado nas grandes esculturas clássicas greco-romanas, isso é notado também pelo modo de representação anatomica das formas humanas.

"Fim de Romance", Antônio Parreiras, 1912

Por: Luciara Ribeiro



Óleo sobre tela, 97 x 185 cm, Pinacoteca do Estado de São Paulo

A obra apresentada na primeira série , corresponde a uma pintura de paisagem do início do século XX, especificamente de 1912, essa é uma obra que assemelha-se aos modos da pintura acadêmica dos artistas formados pela Escola de Belas Artes, no Rio de Janeiro, durante a segunda metade do século XIX e inicio do XX. O estilo menciondo está vinculado à idéia de retomada dos modelos clássicos de representação da natureza, sobretudo o greco-romano, como pode-se observar na obra de Antonio Parreiras.